Deve-se estar sempre embriagado. Nada mais
conta. Para não sentir o horrível fardo do
Tempo que esmaga os vossos ombros e vos
faz pender para a terra, deveis embriagar-vos
sem tréguas.
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude,
à vossa escolha. Mas embriagai-vos.
E se algumas vezes, nos degraus de um palácio,
na erva verde de uma vala, na solidão baça do
vosso quarto, acordais, já diminuida ou desaparecida
a embriaguez, perguntai ao vento, à vaga, à estrela,
à ave, ao relógio, a tudo o que fogem, a tudo o que
geme, a todo o que rola, a tudo o que canta, a tudo
o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a
vaga, a estrela, a ave, o relógio, vos responderão:
"São horas de vos embriagardes! Para não serdes
os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos
sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude,
à vossa escolha.
terça-feira, 19 de maio de 2009
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